Guarujá intervém na City Transporte após constatar inconsistências financeiras e operacionais

Relatório revela possíveis irregularidades na bilhetagem, folha de pagamento e abastecimento da frota

Guarujá intervém na City Transporte após constatar inconsistências financeiras e operacionais
Imagem: Reprodução

A Prefeitura de Guarujá divulgou um relatório detalhado do Grupo Técnico de Trabalho da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, criado em 9 de janeiro, para fiscalizar o cumprimento do contrato da empresa City Transporte Urbano Intermodal Ltda. e os repasses financeiros recebidos.

O documento aponta diversas inconsistências, incluindo custos operacionais elevados, divergências na folha de pagamento e falta de transparência na bilhetagem eletrônica. A ausência de relatórios de fiscalização desde 2019 também motivou a intervenção na empresa, realizada na noite de sexta-feira (28/03).

Desde 2019, a Prefeitura de Guarujá já repassou R$ 385,4 milhões à concessionária, sendo R$ 84 milhões apenas em 2024. Apesar disso, a empresa alega ainda ter a receber cerca de R$ 47 milhões, sem apresentar justificativa clara sobre a origem dessa suposta dívida.

O prefeito destacou que a intervenção terá duração de 90 dias, e somente ao final desse período será possível definir os próximos passos. “Minha missão é devolver nossa cidade para o povo do Guarujá. Essa intervenção é um recado claro a todos que estavam acostumados com métodos que trouxeram nossa cidade à atual crise ética, moral e financeira. Vamos resgatar o orgulho de Guarujá”, afirmou.

Relatório aponta inconsistências financeiras e operacionais

Entre os principais problemas identificados pelo Grupo Técnico de Trabalho, destacam-se:

Folha de pagamento acima da média do setor – A empresa alega que os custos giram entre R$ 5,5 milhões e R$ 6 milhões, enquanto a média do setor é de R$ 2,7 milhões.

Desvio de funcionários – Diferença de 221 empregados além do necessário, gerando custos operacionais excessivos.

Abastecimento irregular da frota – Relatório aponta abastecimento de 200 veículos, quando a frota contratual é de 148 ônibus, indicando possível desvio de combustível.

Descontrole financeiro – Custo operacional mensal informado chega a R$ 16,1 milhões, mais que o dobro da média do mercado.

Violação de lacres das catracas – Fiscalização constatou a remoção de lacres, indicando risco de fraudes na bilhetagem.

GPS desligado – Ônibus circulavam com rastreamento desativado, impossibilitando a verificação dos trajetos e da quilometragem real rodada.

Investimentos não realizados – Contrato previa aportes de R$ 233,7 milhões para melhorias no sistema de transporte, mas nenhuma aplicação foi comprovada.

Fundo Municipal de Transportes – A empresa não repassou nenhum valor ao fundo, descumprindo o contrato.

Possível superfaturamento – Gastos com serviços terceirizados, como portaria, ultrapassam os custos do aluguel da garagem, levantando suspeitas de irregularidades.

Próximos passos

A Prefeitura seguirá administrando o sistema de transporte municipal durante o período de intervenção e promete uma auditoria rigorosa para garantir transparência e eficiência no serviço prestado à população.

Fonte: Prefeitura de Guarujá

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